terça-feira, 20 de outubro de 2009

A BÍBLIA FAZ PERDER A FÉ?

Há muita gente que não acredita na existência de Deus. Têm esse direito. Mesmo assim, Deus não deixa de acreditar neles. Mais incompreensível, porém, é ver como alguns fazem disso uma campanha azeda e ofensiva. O escritor José Saramago parece querer tornar-se o paladino mundial dessa corrente, querendo a toda a força tirar das pessoas a ideia de Deus, como ele diz. Falando a propósito da sua última obra "Caim", afirma que quem lê a Bíblia, perde a fé. Para ele, será assim, embora eu não compreenda como possa perder a fé aquele que a não tem. Para muitos, felizmente, passa-se o contrário: quanto mais lêem a Bíblia, maior é a sua fé. Assim tem acontecido comigo, desde a minha infância. Assim contece com milhões de pessoas que na Sagrada Escritura descobrem o verdadeiro Deus-amor, radicalmente diferente daquele que Saramago tem na imagnação e contra o qual investe, qual D. Quixote lutando com os moinhos de vento.
Campanhas como esta, sempre estiveram e estarão destinadas ao fracasso. Não é com simples ideias, ainda por cima tão gastas, que se destrói uma experiência de fé. Saramago tem todo o direito de não acreditar em Deus e de não ver na Bíblia um livro de fé, mas como Prémio Nobel da Literatura, podia ao menos fazer um esforço de olhar para a Bíblia como obra literária e tentar interpretá-la como tal.

sábado, 8 de dezembro de 2007

UMA ESTRELA QUE NÃO BRILHA


Depois de largos meses anunciado, aí está o homem de quem se fala. Com a ajuda preciosa dos meios de comunicação e de alguns políticos, Robert Mugabe conseguiu, pelas piores razões, ser a estrela desta cimeira Europa-África. Esperamos que ao menos a sua presença tenha o mérito de fazer debater com toda a franqueza a questão da dignidade e dos direitos humanos.
Pelas reacções à presença de Mugabe, ficamos com a impressão de que ela se tornou algo incómoda, porque os organizadores queriam brilhar diante dos convidados, sem ter a maçada de debater os verdadeiros problemas, não apenas económicos, mas tudo o que se refere às relações dos dois continentes. Para isso tem de se conversar com todos, sejam ou não ditadores – Mugabe não é o único –, abertamente e sem rodeios.
O Arcebispo anglicano Desmond Tutu pôs o dedo nesta ferida, chamando a atenção para a violação dos direitos humanos noutros países da África e também da Europa. Sem querer meter tudo no mesmo saco, somos forçados a admitir que todos temos ainda muito que aprender em matéria de respeito e luta pela dignidade humana. O caminho para chegar a esta meta nunca é acusar os outros, mas é começar por arrumar a própria casa.